Noções de Lógica

Cálculo Proposicional

Na maioria das ciências, o raciocínio utilizado é indutivo, isto é, aquele baseado na experiência e experimentação. Na matemática, esse tipo de raciocínio também chega a ser usado, mas nem sempre é confiável.

Nesse campo, o mais usado é o dedutivo. Se as premissas (hipóteses) são verdadeiras e as leis aplicadas estão corretas, então a conclusão é necessariamente verdadeira.

Proposição

Uma proposição é uma afirmação que é verdadeira ou falsa, mas não ambas. Chamamos este fato de princípio do meio excluído.

Exemplo

Consideremos as seguintes afirmações:

(1) \( \sqrt{2} \) é um número irracional.

(2) Todo triângulo é isósceles.

(3) Que horas são?

(4) \( x + 1 = 2 \).

(5) Existem infinitos números primos.

(6) Vixe Maria!

(7) Esta afirmação é falsa.

(8) Paulo é um bom professor.

Questões imperativas e exclamativas não são proposições, como em (3) e (6). A afirmação (4) pode ser verdadeira ou falsa, dependendo do valor de \( x \) associado. Ela é um predicado, uma afirmação contendo uma ou mais variáveis que se torna uma proposição quando atribuímos valores às variáveis. Por exemplo, chamando esse predicado de \( A(x) \) e fazendo \( A(1) \), temos que a proposição é verdadeira (o que não é o caso para \( A(2) \), ou qualquer valor de \( x \) na verdade).

A afirmação (7) é um paradoxo. A afirmação (8) não pode ser considerada uma proposição, pois é apenas uma opinião.

(1), (2) e (5) são proposições.

No estudo de lógica, usamos letras maiúsculas para representar proposições simples (geralmente \( P \), \( Q \), \( R \) e \( S \)), e atribuímos o valor \( V \) ou \( F \) a uma proposição se ela for verdadeira ou falsa, respectivamente. Usamos dos chamados conectivos lógicos para formar novas proposições a partir de outras existentes.

ConectivoSímbolo
e (conjunção)\( \land \)
ou (disjunção)\( \lor \)
não (negação)\( ~ \) ou \( \neg \)

Conjunção

Numa conjunção, sendo \( P \) e \( Q \) proposições, então \( P \land Q \) é uma afirmação verdadeira quando ambos, \( P \) e \( Q \), são verdadeiros, e falsa caso contrário.

Esta afirmação é usualmente apresentada na forma de uma tabela-verdade, na qual se verifica o valor lógico de uma afirmação composta a partir das combinações dos valores lógicos das sentenças individuais que ela contém. O número de possibilidades para uma proposição como esta é de \( 2^{n} \), sendo \( n \) o número de proposições.

A estratégia para construir uma tabela-verdade com esse tipo de preposição é de sugerir que a proposição inicial é verdadeira na primeira metade dos casos e falsa no resto. Onde a primeira é verdadeira, em metade dos casos a segunda é verdadeira e na outra metade falsa; onde a primeira é falsa, a segunda é verdadeira em metade dos casos e falsa na outra metade.

Podemos fazer isso com quantas proposições quisermos.

Aqui temos um exemplo com duas:

\( P \)\( Q \)\( P \land Q \)
\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( F \)

E outro com três:

\( P \)\( Q \)\( R \)\( P \land Q \land R \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)

Disjunção

Numa disjunção, sendo \( P \) e \( Q \) proposições, então \( P \lor Q \) é uma afirmação verdadeira quando pelo menos um ds componentes for verdadeiro, e falso quando ambas forem falsas.

Aqui temos um exemplo com duas:

\( P \)\( Q \)\( P \lor Q \)
\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)

E outro com três:

\( P \)\( Q \)\( R \)\( P \land Q \land R \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)

Uma disjunção pode ser exclusiva ("ou um ou outro, nunca ambos", denotado por \( \oplus \) ou \( \underline{\lor} \)) ou inclusiva.

Negação

Na matemática, a dupla negação de uma proposição resulta na negação da negação, resultando nela mesma.

Exemplo

  • \( P \): "Gosto de sorvete"
  • \( ~P \): "Não gosto de sorvete"
  • \( ~(~P) \): "Gosto de sorvete"
\( P \)\( ~P \)
\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)

Observação A negação somente inverte o valor lógico de uma proposição, ou seja, não é só porque que uma proposição esteja sendo negada que ela é falsa. Ela pode ser falsa por padrão (fazendo com que sua negação seja verdadeira).

Implicações

Uma implicação \( P \implies Q \) é falsa somente quando a hipótese \( P \) é verdadeira e a conclusão \( Q \) é falsa. Um modo de entender o valor verdade de uma afirmação condicional é pensar nela como uma obrigação, uma promessa ou um contrato.

\( P \)\( Q \)\( P \implies Q \)
\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( V \)

Em uma implicação \( P \implies Q \), \( P \) é chamada de hipótese e \( Q \) de conclusão (ou tese).

Exemplo

(1) Se o número \( a \) divide \( b \) e, por usa vez, \( b \) divide \( c \), então \( a \) divide \( c \).

(2) Se \( x \neq 0 \), então \( x^{2} > 0 \).

(3) Se \( p \) é primo e \( p > 2 \), então \( p \) é impar.

Equivalência Lógica

Duas afirmações \( P \) e \( Q \), simples ou compostas, são logicamente equivalentes se possuem a mesma tabela-verdade, ou seja, se possuem os mesmos valores lógicos. Denotamos este fato por \( P \equiv Q \).

Exemplos de Equivalência

  • \( ~(P \lor Q) \equiv ~P \land ~Q \)
  • \( ~(P \land Q) \equiv ~P \or ~Q \)
  • \( (P \implies Q) \equiv (~P \lor Q) \)

Inversa

\[ ~P \implies ~Q \]

Assim como a negação, o sinal não importa, e sim o conteúdo.

Exemplo

(1) "Se eu sou sergipano, então eu sou brasileiro p" é um implicação válida, porém sua inversa é falsa: "Se eu não sou sergipano, então eu não sou brasileiro".

(2) "Se \( x \) é par, então x^{2} é par" é uma implicação verdadeira que possui uma inversa também vedadeira? "Se x é ímpar, então x^{2} é ímpar".

Contrapositiva

\[ ~Q \implies ~P \]

Recíproca

\[ Q \implies P \]

Se, e somente se

Quando em uma implicação \( P \implies Q \) é verdadeira e sua recíproca \( Q \implies P \) também é verdadeirqa, dizemos que temos uma bi-implicação (ou bicondicional), denotada por \( P \iff Q \) (tê-se \( P \) se, e somente se, \( Q \)).

\( P \)\( Q \)\( P \iff Q \)
\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( V \)

Tautologias e Contradições

Uma tautologia é uma afirmação sempre verdadeira.

\( P \)\( Q \)\( P \lor Q \)\( P \implies (P \lor Q) \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)

Uma contradição é uma afirmação sempre falsa.

\( P \)\( Q \)\( ~P \)\( ~Q \)\( ~P \land Q \)\( P \lor ~Q \)\( (~P \land Q) \land (P \lor ~Q) \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)

Observação Expressões lógicas regulares são chamadas de contingências.

Formas Normais Disjuntiva e Conjuntiva

A Forma Normal Disjuntiva permite encontrar uma função lógica indeterminada mediante uma conjunção de disjunções, enquanto a conjuntiva usa uma disjunção de conjunções.

Exemplo

Qual a sentença lógica que fornecea tabela-verdade abaixo?

\( P \)\( Q \)\( R \)Função Lógica
\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)

Para encontrar o FND, olhamos para as linhas em que o resultado da função lógica é verdadeiro (1, 2, 4, 6 e 7). Então criamos fórmulas que fornece um resultado verdadeiro através de conjunções:

\[ FND: (P \land Q \land R) \lor (P \land Q \land ~R) \lor (P \land ~Q \land ~R) \lor (~P \land Q \land ~R) \lor (~P \land ~Q \land R) \]

Por outro lado, para o FNC, olhamos as linhas em uqe o resultado é falso (3, 5 e8 ); e tomamos disjunções de forma que forneça este resultado:

\[ FNC: (~P \lor Q \lor ~R) \land (P \lor ~Q \lor ~R) \land (~P \lor ~Q \lor ~R) \]

Quantificadores

Uma sentença aberta (ou predicado) é uma sentença contendo uma ou mais variáveis, que, ao serem substituídas por valores, viram proposições. O universo de discurso é o conjunto dos valores válidos das variáveis.

Exemplo

  • \( x > 3 \) é uma sentença aberta
  • \( 2 > 3 \) é uma proposição falsa, derivada da sentença aberta

Quantificador Universal

Para uma sentença aberta \( P(x) \) com variável \( x \) num universo de discurso \( \mathbb{U} \), a sentença \( \forall x \in \mathbb{U}, P(x) \) (lida: para todo x em U, P(x)) é verdadeira precisamente quando \( P(x) \) é verdadeiro qualquer que seja \( x \) em \( \mathbb{U} \). O símbolo \( \forall \) é chamado de quantificador universal.

Quantificador Existencial

A sentença \( \exists x \in \mathbb{U}, P(x) \) (lida: existe x em U tal que P(x)) é verdadeira quando existe pelo menos um \( x \) no universo de discurso \( \mathbb{U} \) tal que \( P(x) \) é verdadeiro. O símbolo \( \exists \) chamado de quantificador existencial. Quando o objeto é único, denotamos este fato pelo símbolo \( \exists ! \).

Exemplo

(1) \( \forall x \in \mathbb{R}, x^{2} \geq 0 \).

(2) \( \forall x, y \in \mathbb{Q} \) (o produto \( xy \) e a soma \( x + y \) são racionais).

(3) \( \forall x \in \mathbb{R}, (x \geq 3 \implies x^{2} \geq 9) \).

(4) \( \exists x \in \mathbb{Z}, x^{2} = 4 \).

(5) Existem dois números primos tal que sua soma é um número primo.

(6) Para cada número primo \( x \) menor que 10, \( x^{2} + 4 \) é primo.

(7) Existe alguém que não entendeu a definição de quantificador existencial.

Negação

A negação de um quantificador universal resulta num existencial e vice-versa.

Exemplo

"Todos serão reprovados em Fundamentos de Matemática \( (\forall x \in \mathbb{U}, P(x)) \) ⇝ "Existe uma pessoa que não será reprovada em Fundamentos de Matemática" \( (\exists x \in \mathbb{U}, ~P(x)) \)

Validade de Argumentos

Um arugmento com hipóteses \( P_{1} \), \( P_{2} \), ..., \( P_{n} \) e conclusão \( Q \) é dito ser válido. se sempre que \( P_{1} \), \( P_{2} \), ..., \( P_{n} \) forem verdadeiros, então \( Q \) também o for. Denotaremos um argumento por

\[ P_{1}, P_{2}, ..., P_{n} \vdash Q \]

Assim,

\[ (P_{1} \land P_{2} \land ... \land P_{n}) \implies Q \]

é uma tautologia. Caso contrário, dizemos que o argumento é inválido.

Tabela-Verdade

Nela, consideramos todas as possibilidades.

Exemplo

Verificar mediante tabela-verdade a validade do argumento seguinte: "Se Carlos está com fome, então, ele come. Carlos dorme ou não come. Carlos está acordado. Portanto, Carlos não está com fome."

O primeiro passo consiste na representação do argumento na forma simbólica, em termo de proposições simples. Chamando as proposições simples "...fome", "...come" e "..acordado" de \( P \), \( Q \) e \( R \), respectivamente, o argumento pode ser escrito na linguagem da lógica proposicional como

\[ P \implies Q, ~R \lor ~Q, R \vdash ~P \]

\( P \)\( Q \)* \( R \)\( ~Q \)\( ~R \)* \( P \implies Q \)* \( ~R \lor ~Q \)* \( ~P \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)* \( V \)\( F \)\( V \)* \( V \)* \( V \)* \( V \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)* \( V \)\( V \)\( V \)* \( V \)* \( V \)* \( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)

As células marcadas com "*" destacam as hipóteses e a conclusão do argumento, bem como as linhas em que as hipótese são simultaneamente verdadeiras e o respectivo valor da conclusão.

Exemplo

Se o Vasco cair pra série \( B \), então seu treinador será demitido. Se seu treinador for demitido, então o astro do time, Dinamite, também sairá. Se Dinamite sair, então não mais torcerei pelo Vasco. Continuo sendo torcedor do Vasco. Logo, Dinamite não saiu do time e vasco não caiu para série B.

Simbolicamente, temos

\[ P \implies Q, Q \implies R, R \implies S, ~S \vDash ~R \land P \]

\( P \)\( Q \)\( R \)\( S \)* \( P \implies Q \)* \( Q \implies R \)* \( R \implies S \)* \( ~S \)\( ~R \)\( ~P \)* \( ~R \land ~P \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( F \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)* \( V \)* \( V \)* \( V \)\( V \)\( V \)\( V \)* \( V \)

Exemplo

Ou matemática é difícil ou os alunos não gostam de matemática. Se o português é fácil, então a matemática é facil. Os alunos gostam de matemática. Portanto, se matemática é difícil, então português é fácil.

Simbolicamente, temos

\[ A \underline{\lor} B, C \implies ~A, ~B \vDash A \implies C \]

\( A \)\( B \)\( C \)* \( A \underline{\lor} B \)\( ~A \)* \( C \implies ~A \)* \( ~B \)* \( A \implies C \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)
\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)
\( V \)\( F \)\( F \)* \( V \)\( F \)* \( V \)* \( V \)* \( F \)
\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)
\( F \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)\( V \)

A tabela mostra que o argumento é inválido.

Exemplo

Se eu ganhar na megasena darei um carro a cada um de vocês. Eu não ganhei. Logo, vocês perderam os carros prometidos.

\( P_{1} \)\( P_{2} \)* \( P_{1} \implies P_{2} \)\( ~P_{1} \)\( ~P_{2} \)
\( V \)\( V \)\( V \)\( F \)\( F \)
\( V \)\( F \)\( F \)\( F \)\( V \)
\( F \)\( V \)* \( V \)* \( V \)* \( F \)
\( F \)\( F \)\( V \)\( V \)\( V \)

A tabela mostra que o argumento é inválido.

Regras de Inferência

O método de tabela-verdade pode ser exaustivo. Neste método, derivamos uma sequência de proposições a partir das hipóteses até atingir a conclusão. Aqui estão elas:

NomePremissasConclusão
Simplificação\( P \land Q \)\( P \)
Adição\( P \)\( P \lor Q \)
Conjunção\( P, Q \)\( P \land Q \)
Silogismo Disjuntivo\( P \lor Q, ~P \)\( Q \)
Modus Ponens\( P \implies Q, P \)\( Q \)
Modus Tollens\( P \implies Q, ~Q \)\( ~P \)
Silogismo Hipotético\( P \implies Q, Q \implies R \)\( P \implies R \)
Absorção\( P \implies Q \)\( P \implies (P \land Q) \)
Dilema Construtivo\( P \implies Q, R \implies S, P \lor R \)\( Q \lor S \)
Dilema Destrutivo\( P \implies Q, R \implies S, ~Q \lor ~S \)\( ~P \lor ~R \)

Exemplo

Passe o celular ou a carteira. Dou o relógio ou não dou o celular. Fico com os documentos ou não dou a carteira. Não fico com os documentos. Logo, dou o celular e o relógio. Em símbolos

\[ P \lor C, L \or ~P, N \lor ~C, ~N \vDash P \land L \]

(1) \( P \lor C \) Premissa

(2) \( L \lor ~P \) Premissa

(3) \( N \lor ~C \) Premissa

(4) \( ~N \) Premissa

(5) \( ~C \) (3, 4) Silogismo Disjuntivo

(6) \( P \) (1, 5) Silogismo Disjuntivo

(7) \( L \) (2, 6) Silogismo Disjuntivo

(8) \( P \land L \) (6, 7) Conjunção

Como chegamos na conclusão, temos que o argumento é válido.

Exemplo

Se não estudar, não serei aprovado. Se colar, não estudo. Se não perder a concentração, serei aprovado. Se desligo o celular, não perco a concentração. Logo, se colo, não desligo o celular. Em símbolos

\[ ~E \implies ~A, C \implies E, ~P \implies A, M \implies ~P \vDash C \implies ~M \]

(1) \( ~E \implies ~A \) Premissa

(2) \( C \implies ~E \) Premissa

(3) \( ~P \implies A \) Premissa

(4) \( M \implies ~P \) Premissa

(5) \( C \implies ~A \) (1, 2) Silogismo Hipotético

(6) \( ~A \implies P \) (3) Contrapositiva

(7) \( C \implies P \) (5, 6) Silogismo Hipotético

(8) \( P \implies ~M \) (4) Contrapositiva

(9) \( C \implies ~M \) (7, 8) Silogismo Hipotético

Árvore de Refutação

Involve provar que o arugmento não pode ser inválido. Assumimos a conclusão como falsa, e, se não encontrarmos nenhum argumento a favor, então o argumento é válido.

Uma conjunção gera somente um ramo, enquanto uma disjunção gera dois ramos.

Se encontarmos uma contradição tipo \( P \) e \( ~P \) então o ramo é fechado.

Exemplo

Verificar por meio de árvore de refutação a validade do argumento \( [(P \lor Q) \land ~P] \vDash Q \).

Exemplo

\[ (Q \lor (R \implies T), Q \implies S, ~S \implies (T \implies P), ~S \vDash R \implies P \]

Dica: simplificamos ao converter \( A \implies B \) em \( ~A \lor B \).

Exemplo

Considere o argumento \( {[P \implies (R \lor S)] \land [(R \land S) \implies Q]} \vDash (P \implies Q) \).

Como dois ramos ficaram abertos, o argumento é inválido.

Exemplo

Construa uma árvore de refutação para verificar se a fórmula \( (P \implies Q) \lor (P \land ~Q) \) é uma tautologia.

Argumentos Envolvendo Quantificadores

Regra 1: Dada qualquer função proposicional \( P(x) \), da verdade de \( \forall{x}, P(x) \), podemos inferir a verdade de \( P(a) \) para qualquer \( a \) no universo de discurso.

Regra 2: Dada qualquer função proposicional \( P(x) \), da verdade de \( \exists{x}, P(x) \), podemos inferir que existe pelo menos um elemento \( a \) no universo de discurso para o qual \( P(a) \) é verdadeiro.

Procure utilizar primeiro as proposições que envolvem quantificadores existenciais.

Exemplo

Prove a validade do seguinte argumento: "Todos os atletas são fisicamente fortes. Paulo é um atleta. Então Paulo é fisicamente forte."

Sejam \( A(x) : x \) é um atleta; \( F(x) : x \) é fisicamente forte. Assim,

(1) \( \forall{x}, A(x) \implies F(x) \) Premissa

(2) \( A(p) \) Premissa

(3) \( A(p) \implies F(p) \) Regra 1

(4) \( F(p) \) (2, 3) Modus Ponens

Exemplo

"Tudo é caro ou ruim para você. Nem tudo é ruim para você. Assim, existem algumas coisas que são caras e não são ruins para você."

Fazendo \( C(x) : x \) é caro e \( R(x) : x \) é ruim, obtemos:

(1) \( \forall{x}, [C(x) \lor R(x)] \) Premissa

(2) \( ~\forall{x}, R(x) \) Premissa

(3) \( \exists{x}, ~R(x) \) (2) Negação

(4) \( ~R(a) \) Regra 2

(5) \( C(a) \lor R(a) \) Regra 1

(6) \( C(a) \) (5, 4) Silogismo Disjuntivo

(7) \( C(a) \land ~R(a) \) (4, 6) Conjunção

(8) \( \exists{x}, [C(x) \land ~R(x)] \) Regra 2

Exemplo

"Todos os cientistas são estudiosos. Alguns cientistas são inventores. Alguns estudiosos são inventores."

Faça \( C(x) : x \) é cientista; \( E(x) : x \) é estudioso; e \( I(x) : x \) é inventor. Tomando a negação da conclusão como hipótese adicional, obtemos que o argumento é válido, conforme a árvore de refutação abaixo:

Exemplo

Consideremos o seguinte arugmento: "Nenhum estudante é velho. Alguns jovens não são estudantes. Logo, alguns velhos não são jovens."

Faça \( E(x) : x \) é estudante; \( V(x) : x \) é velho; e \( J(x) : x \) é jovem. Então